terça-feira, 20 de outubro de 2009

Digite seu título aqui: ______________________

Lapso de criatividade. Tu senta, sabe que tem que escrever. Sabe que não pode sair da frente do computador sem terminar. Força os neurônios, tenta extrair algo de qualidade dessa massa encefálica, mas só vê branco. Albinismo mental. Pensa desesperadamente em não escrever nada, entregar uma folha em branco, “os editores que se virem!”, mas sabe que seu emprego de merda depende desse simples artigo que tu tem que escrever em 50 minutos. 49. 48. 47. O tempo passa e o desespero aumenta. O que escrever? O QUE ESCREVER?

Blackouts momentâneos são comuns hoje em dia, principalmente com toda essa onde de estresse e nervos. Pra quem tem que escrever um artigo de vez em quando na faculdade ou uma matéria ocasionalmente esses blackouts não são tão incômodos assim, tu passa uma meia hora sofrendo e já vem uma idéia genial, (ou nem tanto) que te salva... mas imagine um colunista diário, alguém que todo o santo dia levanta sabendo que tem que escrever algo publicável, que seu emprego depende disso, que sua família depende disso, um mísero amontoado de letras fazendo algum sentido para alguém. A pressão que isso exerce em alguém levaria qualquer um a um blackout permanente! Vida de escritor não é fácil...

Imagine se Machado de Assis tivesse tido um lapso de criatividade no meio de “Dom Casmurro”? Se nos meados da obra ele simplesmente empacasse sem saber o que escrever e subitamente mudasse o rumo de tudo: Bentinho não duvida mais de Capitu, daria muito trabalho escrever todas as possíveis nuances de adúltera e inocente da mulher; o filho não nasce com a cara de Escobar, assim a história linda de amor do casal protagonista não tem falha, e tudo se encaixa perfeitamente. Um ataque desses comprometeria todo o enredo e provavelmente esta se tornaria apenas mais uma estoriazinha de amor... se Machado ao menos tivesse esperado o lapso passar...

Mas se (hipoteticamente) até Machado de Assis pode ter surtos de infertilidade mental, nós, meros escritores amadores também podemos, oras! Chega de querermos findar nossas vidas somente porque um parágrafo não ficou ao nível da Academia Brasileira de Letras! Nada de se descabelar porque não conseguiu escrever aquele artigo seguindo normas toscas criados por um desocupado! E porque ficar cabisbaixo simplesmente porque não conseguiu poetizar todos aqueles lindos sentimentos que guarda eu seu romântico coração (experimente um haikai, sempre dá certo)? Escreva, escreva e escreva! A torto e a direito, de trás pra frente e de frente pra trás, sobre o que vê, sente e ouve. Sobre o mundo e o não-mundo! O universo paralelo e o transversal! Transcenda tudo para o papel, até que um possível blackout o apague. Como esse que me apagou agora. Hmm... o que escrever?! Deixa pro próximo post...